“Para ser eficiente, a atividade portuária tem que estar em harmonia”Publicado em 03/05/2023 Desde o Brasil Colônia, a força naval nacional
desempenha um papel fundamental para a formação do país como conhecemos hoje.
Foi 1567 o ano marcado pelo surgimento da Marinha do Brasil, hoje uma das
instituições mais importantes para o bom funcionamento do comércio exterior no Espírito
Santo e no país. O capitão de Mar e Guerra Alexsander Moreira Dos
Anjos recebeu, recentemente, a equipe do Sindiex para uma reunião, onde foi
abordada a importância da união entre a entidade e a Capitania dos Portos do
Espírito Santo para o fortalecimento da economia e, especialmente, do setor de
comércio exterior. Nesta entrevista, o capitão fala sobre os
principais desafios e como a Capitania se conecta com as empresas e a
sociedade, além de abordar alguns assuntos em pauta. Ele ressalta que "para ser
eficiente, a atividade portuária tem que estar em harmonia”. Como a Capitania dos Portos do ES e o comércio exterior se
conectam? Qual é a importância do bom funcionamento da Marinha do Brasil para o
setor de comércio exterior? A Capitania dos Portos do Espírito Santo
(CPES) se conecta ao comércio exterior quando exerce seu papel de Agente da
Autoridade Marítima Brasileira. Assim, nossa Capitania atua nas atividades de
fiscalização e ordenamento do tráfego aquaviário. O propósito é garantir a
segurança da navegação, a proteção da vida humana no mar e a prevenção da
poluição hídrica provocada por embarcações, conforme previsto na Lei de
Segurança do Tráfego Aquaviário (LESTA). Pela Lei nº
9.537, de 11 de dezembro de 1997 (Lei de Segurança do Tráfego aquaviário), a CPES tem a responsabilidade de elaborar normas para habilitação e cadastro dos aquaviários e
amadores e o tráfego e permanência das embarcações nas águas sob jurisdição
nacional, bem como sua entrada e saída de portos, atracadouros, fundeadouros e
marinas; realização e execução de inspeções navais e vistorias; arqueação,
determinação da borda livre, lotação, identificação e classificação das
embarcações; inscrição das embarcações e fiscalização do Registro de
Propriedade; execução de obras, dragagens, pesquisa e lavra de minerais sob,
sobre e às margens das águas sob jurisdição nacional, no que concerne ao
ordenamento do espaço aquaviário e à segurança da navegação, sem prejuízo das
obrigações frente aos demais órgãos competentes; cadastramento e funcionamento
das marinas, clubes e entidades desportivas náuticas, empresas de navegação,
peritos e sociedades classificadoras; estabelecimento e funcionamento de sinais
e auxílios à navegação; regulamentar o serviço de praticagem; determinar a
tripulação de segurança das embarcações, determinar os equipamentos e
acessórios que devam ser homologados para uso a bordo de embarcações e
plataformas e estabelecer os requisitos para a homologação; estabelecer a
dotação mínima de equipamentos e acessórios de segurança para embarcações e
plataformas; dentre outras responsabilidades. Todo esse bojo de responsabilidades, quando cumpridas
corretamente, são facilitadores para o comércio exterior e interior. É sabido,
em linguagem popular, que quem escolhe o porto e o modal, é a carga. Nesse
contexto, ter um porto seguro, moderno, cumpridor do seu papel de administração
portuária e próximo da autoridade marítima é fundamental para o seu sucesso. Assim, a CPES investe na segurança da navegação, fiscaliza
tecnicamente toda atividade marítima e portuária, através da normatização,
controle, fiscalização e ação conjunta com outros órgãos competentes, sempre
buscando as parcerias e o estreitamento das relações com toda a comunidade
marítima capixaba, o resultado desse trabalho influencia positivamente no
comércio marítimo. Outra conexão importante, além dessa figura regulatória e técnica,
é a formação profissional dos Aquaviários e Portuários. Por intermédio do
Ensino Profissional Marítimo, a CPES forma cerca de 800 pessoas por ano, que
serão admitidas pela Marinha Mercante. Um porto competitivo, requer mão de obra
qualificada e com capacidade de adaptação a novas tecnologias, imprescindíveis
para a eficiência das operações portuárias. A Diretoria de Portos e Costa,
investe significativamente na CPES, para que seja formado um valioso recurso
humano, com capacidade de atuar em diversos segmentos da comunidade marítima. A Marinha do Brasil, como única representante do Poder Naval, numa
vertente atinente a soberania, também tem conexão com o comércio exterior. No
Atlântico Sul, a Marinha do Brasil intensificou
sua atuação na defesa da soberania brasileira sobre o espaço, fazendo
constantes operações de monitoramento com suas embarcações e investindo em
projetos relacionados a construções de meios navais, com poder dissuasório. Regiões
desprovidas de uma marinha atuante, são abandonadas pelo comércio exterior,
vide alguns países do continente africano, que possuem sérios problemas, como a
pirataria. No mar não existem muros ou
cercas. Na "Amazônia Azul”, os limites das nossas águas são linhas sobre o mar
que não existem fisicamente. O que as define de forma concreta é a presença de
navios da Marinha em permanente vigilância. Todas essas ações têm um único
objetivo: tornar o porto competitivo. Quais são as principais demandas e desafios da Capitania dos Portos no
Estado? E quais são os próximos planos? Além do cumprimento das
responsabilidades como representante da Autoridade Marítima, a CPES também tem o propósito de contribuir para a orientação, coordenação e controle
das atividades relativas à Marinha Mercante e organizações correlatas, promover
a reorganização, capacitação e motivação do seu pessoal, bem como aprimorar sua
estrutura logística e operacional, a fim de oferecer serviços de qualidade para
a sociedade. Além disso, nas
atividades de inspeção naval e vistorias, a capacitação continuada dos nossos
militares contribui para a redução das estatísticas de acidentes e fatos da
navegação e a prevenção da poluição hídrica, bem como as operações
interagências, a formalização de novas parcerias e a construção de um
relacionamento sólido entre os órgãos competentes para que consigamos atingir nossos
propósitos. Os desafios têm crescido proporcionalmente ao crescimento das
nossas responsabilidades, e a redução no orçamento destinado à instituição faz
com que tenhamos que nos empenhar cada vez mais na construção de parcerias,
além do apoio advindo das emendas parlamentares da bancada capixaba. Para a capacitação e
qualificação do nosso pessoal, faz-se necessário firmar novas parcerias como as
já conquistadas entre a
Diretoria de Portos e Costas (DPC) e o IFES-Piúma por meio do Acordo de
Cooperação Técnica, com validade até 2027, na busca pela excelência do ensino
profissional marítimo, demonstrando a preocupação da MB em consolidar a
mentalidade marítima. Assim como esse Acordo, a CPES lançou um projeto
piloto de palestras nas escolas públicas do Estado, levando o tema da "Segurança Marítima
e a Prevenção de Acidentes Náuticos”, visando fomentar a mentalidade de
segurança nos futuros condutores de embarcações, jovens e adolescentes que
serão os multiplicadores desse conhecimento. A CPES tem trabalhado
forte para a criação e manutenção de um cenário próspero para o comércio
exterior e interior, sendo o Espírito Santo um ponto geográfico e estratégico. Contribuindo
com essa assertiva, temos trabalhado ao lado de grandes projetos, que buscam o
aumento da competividade dos complexos portuários, como por exemplo: - O acompanhamento e a
emissão de autorizações para a construção de um porto de águas profundas no
município de Aracruz, conduzido pela empresa IMETAME; - Manobras testes
para as ampliações das prescrições do porto de Vitória. Demandas solicitadas
pela empresa VPORTS; - Implementação do
calado dinâmico em PORTOCEL, primeiro do Brasil. Maior capacidade de carga; - Vistorias e
homologações no estaleiro JURONG; - Ampliação das
operações portuárias no porto de UBU; e - Acompanhamento dos projetos PETROCITY (São Mateus) e Porto Central (Presidente Kennedy). O próximo passo é a
implementação do assunto economia do mar no Espírito Santo. A formação (e o posterior desenvolvimento) de um
cluster marítimo em terras capixabas surge como viés ideal para a exploração
das vantagens dessa oportunidade de forma a alavancar o desenvolvimento
econômico do estado. O conceito de cluster representa uma moderna
abordagem das economias urbanas, regionais e nacionais, e aponta para a
necessidade da formulação de políticas econômicas, incentivos e estratégias de
desenvolvimento por parte dos governos. O resultado é o aumento da
produtividade, do emprego e do consumo, além do incremento do próprio setor
assim organizado. Formar um cluster marítimo significa agrupar
indústrias, empresas, instituições (governo, órgãos de classe, universidades),
serviços e atividades ligadas à economia azul (economia do mar) para fomentar o
desenvolvimento da área em prol da economia local. Como o Sindiex e as empresas de comércio exterior podem contribuir para
o dia a dia da Capitania? Através da continuidade e fortalecimento dos
laços entre as duas instituições, é importante que o Sindiex nos ajude a
divulgar as informações de utilidade pública pertinentes ao setor para o
cumprimento das normas da Autoridade Marítima, assim como manter-se atualizados
quanto às alterações promovidas dando ampla divulgação aos seus associados, nos
assuntos atinentes a segurança da navegação e prevenção da poluição hídrica, contribuindo
também para a preservação da Amazônia Azul. Outra conexão importante, é o conhecimento dos
projetos estratégicos que estão sendo desenvolvidos pela Marinha, que estão
diretamente ligados ao comércio exterior. O conhecimento dos conceitos
estratégicos da Amazônia Azul e da economia do mar, amplamente já discutidos no
Brasil. Para a consolidação da parceria, é importante
também a aproximação entre as instituições no fortalecimento e crescimento
econômico do setor no Estado, o que ajudará a Marinha do Brasil a lograr êxito
na defesa da nossa soberania no cumprimento da missão de servir e defender a
Pátria, além de "proteger as nossas riquezas e cuidar da nossa gente”. É importante salientar que a participação da
CPES é extremamente técnica, não existe aumento da capacidade portuária sem a
participação da Marinha do Brasil, porém existem uma série de instituições,
privadas e governamentais, que também influenciam no comércio exterior. Para
ser eficiente, a atividade portuária tem que estar em harmonia com todos essas
instituições que tratam a carga e o material humano, como seu principal objeto
de trabalho. |
|||
| |||
| |||
Visitas: 313
Autor:
C
C2 Press